Este volume que ora é apresentado refere-se aos anais do XII Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR). Esta 12a edição do SBSR também está
em formato digital disponível na internet. É um alentado conjunto de trabalhos
técnico-científicos que, no conjunto, somam cerca de 5.000 páginas. Tais
trabalhos, em número de 603, são os resultantes da seleção feita pelo Comitê
Técnico-Científico deste XII SBSR.
Desde o primeiro SBSR, realizado em 1978, o volume de trabalhos e de
participações têm aumentado continuamente. Naquela oportunidade, a maioria dos
trabalhos era do próprio INPE, enquanto que atualmente a maioria é oriunda das
mais diversas instituições de ensino e pesquisa, e também de organizações
privadas. Ou seja, o SBSR atual é muito mais eclético do que outrora. Essa
constatação é um sinal inequívoco do amadurecimento do sensoriamento remoto no
Brasil.
Uma característica do SBSR é seu caráter itinerante. Até hoje, foram 12
as cidades que hospedaram este evento. Isso também tem sido um fator de
disseminação da cultura do sensoriamento no País, pois de tempos em tempos as
várias regiões são contempladas com a presença maciça da comunidade de
sensoriamento remoto, deixando ali suas sementes. Desta vez, é o Brasil Central
que sedia o SBSR. Goiânia, com um pólo universitário forte no setor, e dada sua
proximidade com Brasília, colhe os benefícios de receber tantos pesquisadores,
estudantes, profissionais, empresas estreitamente ligados com sensoriamento
remoto. Certamente, em pouco tempo será notado o efeito multiplicador deste XII
SBSR sobre a região.
A ampliação mundial do sensoriamento remoto é uma marca inconteste da
importância deste campo do conhecimento e das suas tecnologias associadas. O XII
SBSR espelha essa ampliação, que pode ser medida pelo número de trabalhos com os
novos sensores que estão no cenário mundial do sensoriamento remoto, e das novas
áreas-fins que passam a se incorporar de forma mais marcante no campo do
sensoriamento remoto. Assim, aumentou significativamente a presença de trabalhos
com novos sensores como o MODIS, ASTER, CBERS, SRTM, IKONOS, etc. Da mesma forma,
o interesse pelas áreas urbanas teve um significativo incremento, particularmente
em função dos sistemas de sensoriamento remoto de alta resolução espacial. Se tem
havido uma ampliação mundial nesses campos, o Brasil tem acompanhado esse
desenvolvimento de forma surpreendente.
O XII SBSR, cujo fruto se materializa nestes anais, apresenta alguns
indicadores de alta expressão, que não encontra paralelo entre os países em
desenvolvimento. São 42 sessões orais, que ocorrem em conjuntos de seis sessões
paralelas, com a apresentação de pelo menos seis trabalhos em cada sessão; 36
sessões interativas na forma de pôsteres ou painéis, com a média de 10 trabalhos
em cada uma; mais de 15 mesas-redondas, sessões especiais e workshops, muitos
dos quais com a presença de pesquisadores internacionais; 13 cursos
pré-congressos, com lotação esgotada. É esperado que todas as sessões tenham um
maciço afluxo de congressistas, numa demonstração da densidade e qualificação
técnica que o SBSR atingiu. O total de congressistas inscritos ultrapassa a
marca dos 1.200, o que significa mais de 50% relação ao último simpósio,
realizado em Belo Horizonte.
Um aspecto a ser ressaltado neste XII SBSR é a premiação aos autores.
Há três categorias de prêmios: para os trabalhos envolvendo o CBERS, para os
trabalhos de iniciação científica, e para os trabalhos apresentados na forma de
pôsteres nas sessões interativas. Essa decisão visou ressaltar a importância das
apresentações interativas, incentivar os jovens pesquisadores em sensoriamento
remoto, e estimular as pesquisas com os satélites do programa CBERS. Tal decisão
mostrou-se acertada, pois houve mais de 40 trabalhos de iniciação científica,
mais de 40 utilizando imagens CBERS, e a qualidade dos pôsteres e a dedicação às
suas apresentações serão melhoradas.
Outra iniciativa de grande impacto positivo neste Simpósio é a parceria
estabelecida com a Revista Brasileira de Cartografia (RBC). Nesta pareceria, um
certo número de trabalhos foi selecionado para ser submetido à apreciação do
Corpo Editorial da RBC. Segundo os trâmites padrões de submissão e revisão da
revista, foi selecionado um conjunto de trabalhos que fizeram parte do número
especial da RBC, para distribuição durante o Simpósio. Há uma forte convicção de
que esta iniciativa trará muitos frutos no curto prazo, pois haverá um benefício
recíproco entre autores e revista: a revista terá uma ampliação de submissões,
e os autores terão um fórum de qualidade para canalizar seus trabalhos. Neste
sentido, é uma satisfação ver que o Simpósio tenha conseguido propiciar mais
este benefício à comunidade de sensoriamento remoto.
Numa era de profunda modificação das formas de comunicação na sociedade,
particularmente no meio científico, a colocação da informação na internet é cada
vez mais uma necessidade. Paralelamente ao XII SBSR, houve um esforço muito
grande para disponibilizar não só estes anais, mas também os anteriores, num
formato eletrônico padronizado. Assim, juntamente com este XII SBSR, está à
disposição da sociedade os anais dos XI, X, IX e VIII SBSRs, todos com ISBN e
numa área comum, constituindo uma Biblioteca Digital para acesso amplo.
Acreditamos que esta iniciativa vem muito ao encontro da valorização do trabalho
do autor.
A realização de um Simpósio desta magnitude exige um volume substancial
de recursos. Os órgãos públicos auxiliaram em muito, mas sua consecução não
teria sido possível sem o apoio das empresas que patrocinaram e apoiaram a
realização deste Simpósio. Porém, sabemos que por trás das instituições há
pessoas, e são elas que definem prioridades e visões, e no final, são elas que
decidem onde é frutuoso investir e o que é importante incentivar. Portanto,
não só às instituições, mas particularmente às suas dedicadas pessoas somos
gratos. Temos a certeza de que a confiança depositada no XII SBSR valeu a pena,
e esperamos estar juntos em novas iniciativas que se avizinham.
Um Simpósio é marcado pela reunião de pessoas com interesses correlatos e
que apresentam suas idéias e resultados, e discutem as direções a serem tomadas.
Portanto, é inimaginável um Simpósio sem trabalhos e resultados. Mas também é
inconcebível um Simpósio sem as pessoas que geraram as idéias, que produziram os
resultados, e que traçam o futuro. Assim, essas pessoas – pesquisadores,
professores, alunos, profissionais, é que dão vida e sentido ao Simpósio. O que
a Organização propicia são apenas os meios ordenadores para que essa convivência
possa acontecer. E é uma enorme satisfação ver que o objetivo foi atingido, e
que os autores e congressistas cheguem, ao final, após o balanço dos seis dias
de Simpósio, à conclusão de que valeu a pena ter escolhido o Simpósio Brasileiro
de Sensoriamento Remoto como o veículo e o ambiente para canalizar seus
trabalhos e investir seu tempo.
Não se pode deixar de reconhecer o trabalho de muitas pessoas, que foram
fundamentais para que o XII SBSR pudesse chegar a bom termo. A qualidade
técnico-científica é garantida pelo Comitê Técnico-Científico. Para este XII
SBSR contou-se com grandes nomes do cenário do sensoriamento remoto do Brasil.
Muitos outros nomes poderiam compor o Comitê, e certamente serão chamados para
os próximos. Mas, a esses que participaram desta empreitada, externamos nossos
profundos agradecimentos. Somos conscientes de que as revisões e discussões do
final do ano trouxeram uma sobrecarga quase insuportável a todos; mas ao vermos
a qualidade do resultado, tenho certeza de que todos concordaremos que valeu a
pena. Como se pode ver, o Comitê Técnico-Científico foi bem abrangente em termos
de formação e em abrangência institucional e regional. Isso garantiu uma
amplidão de visões, que imprimiu uma sensível marca de equilíbrio nas decisões.
Diversos outros pesquisadores do próprio INPE auxiliaram o Comitê
Técnico-Científico para questões que exigiam decisões mais rápidas. A
participação de pesquisadores e profissionais de diversas instituições na
organização de sessões especiais e workshops foi fator decisivo na ampliação
temática e no asseguramento da qualidade técnica deste XII SBSR. Essa
experiência será obrigatoriamente ampliada nos próximos simpósios.
Finalmente, gostaria de agradecer profundamente ao corpo técnico do INPE
pela dedicação e esmero com que se dedicaram a fazer com que este XII SBSR
pudesse ser realizado com a precisão e a simpatia com que todos observamos.
Desde detalhes de desenho e manutenção da página eletrônica do simpósio,
passando pelos materiais impressos, confecção de anais, conferências e
verificações inúmeras, software de gerenciamento de revisão e armazenamento de
trabalhos, software de gerenciamento de eventos, cuidados e acertos financeiros
para que as contas pudessem ser pagas a contento, assistências nas sessões,
organização do pessoal de apoio, o próprio pessoal de apoio com a sempre
solicita atenção, a fineza no trato com os congressistas, numa obsessão pela
perfeição. Tudo em prol do congressista, numa tentativa obstinada para fazer
com que cada congressista se sentisse como se fosse o único. A esse time
maravilhoso de funcionários públicos – na plena acepção do termo, que é o de
servir ao público – não há palavras que possam exprimir a gratidão de todos nós.
Neste ponto, após 27 anos desde a realização do primeiro SBSR, faço um
convite especial a todos para que nos preparemos para 2007, num novo encontro
da comunidade de sensoriamento remoto. Novos desafios, mais qualidade, maior
abrangência temática, maior participação. É isso o que nos espera, e é isso o
que vamos perseguir.
José Carlos Neves Epiphanio
Coordenador Geral XII SBSR
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